
Onde é que estava no dia 25 de abril?
A dar aulas na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Qual foi a sua reação?
De grande esperança e otimismo: pelas oito da manhã, o meu amigo Vieira de Andrade, hoje professor catedrático da faculdade, chegou a minha casa a dar a notícia e com as nossas mulheres abrimos uma garrafa de vinho do Porto Lacrima Christi e brindámos ao fim do regime. Foi a primeira e última vez que bebi vinho do Porto tão cedo…
Que episódio o marcou mais?
A esperança de tantos, que seguramente queriam coisas diversas. Mas não queríamos o regime que estava a cair.
Qual é a figura que na sua opinião marcou o 25 de Abril?
Sem dúvida o general Spínola.
O que mudou na sua vida pessoal?
Na altura, nada. Depois, vim a ser suspenso pela extrema-esquerda estudantil de dar aulas, fui saneado por uma coligação de comunistas, cobardes e oportunistas, fui detido por uma aliança de tontos, impreparados, ingénuos e tropa fandanga, demitido sem direito de defesa por um alucinado major que a loucura do tempo fez ministro da Educação. Fui forçado ao exílio, para mais tarde o próprio Conselho de Revolução me reintegrar no ensino, visto que nada havia contra mim, mesmo aplicando a celerada lei 8/75 que permitia condenar mesmo sem prova de nenhum ato pessoal ilegal ou desonroso. Read more